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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

LEITE – LEITE BOVINO

O Leite é uma emulsão de glóbulos de gordura estabilizada por substâncias albuminoides em soro, que contém, em sua composição, substâncias que desempenham importantes tarefas no corpo humano. Dentre as substâncias se encontram a lactose, proteínas, sais orgânicos, minerais, lecitina, ácido cítrico, ácido lático, vitaminas, enzimas, células imune, componentes estruturais, entre outros componentes; porém ainda há muitos componentes a serem descobertos. Ele é sintetizado e secretado a partir de sinais fisiológicos e biológicos.(1,2)


LEITE BOVINO

            Para a técnica dietética, o leite mais empregado na alimentação da população brasileira e por consequência nas preparações culinárias, é o obtido a partir da vaca, o leite bovino, uma vez que trata-se da vertente mais produzida e consumida entre os seres humanos.
            O leite bovino apresenta em sua constituição todos as substâncias apresentadas anteriormente, sendo possível que algumas sofram modificações a partir do processamento industrial, como ocorre com a redução do teor lipídico encontrada do produto semidesnatado, assim como no desnatado. (2)
            Apresenta ainda cerca de 104 a 107 células por ml. Esta quantidade de células varia de acordo com as características individuais do animal, com a alimentação ofertada a ele, e condições que vivência durante seu desenvolvimento. Destas células, cerca de 2% correspondem a células epiteliais, enquanto 98% leucócitos. Dentre os leucócitos são encontradas diversas enzimas, como  catalase, proteases e células somáticas. (2)
As células somáticas consistem em uma das formas utilizadas pela indústria alimentícia para determinar a ocorrência de mastite no animal, assim como para analisar uma possível menor presença de caseínas na composição do produto, pois seu teor quando inferior ao encontrado normalmente indica maior proteólise das caseínas, e por consequência uma menor qualidade do leite encontrado durante o armazenamento, bem como ocorrência de eventos adversos no leite pasteurizado e utilizado no preparo de queijos. (2,3,4).


ÁGUA, VITAMINAS E MINERAIS

            O componente mais abundante no leite, independentemente do animal em questão, sendo os demais componentes formados pelos sólidos totais. Estes se dividem em lipídios e sólidos totais desengordurados. Dentre os sólidos totais desengordurados se encontram as vitaminas, as enzimas, os gases, elementos traços e materiais nitrogenados não proteicos.
            Dentre as vitaminas, merecem destaque as lipossolúveis, como a vitamina A, vitamina E e vitaminas do complexo B. Seus sais, como cálcio, cloreto e fosfato, influenciam diretamente na estabilidade dos produtos e preparações em que são empregados.

PROTEÍNAS

As proteínas do leite são constituídas pelas caseínas (80%) e proteínas do soro (20%), organizadas em dispersões coloidais (micelas), que apresentam características nutritivas, tecnológicas e funcionais. Seus aminoácidos suprem grande parte das necessidades humanas, apresentando ainda características como solubilidade, absorção e retenção de água e gordura, extremamente úteis para a técnica dietética; assim como é útil sua capacidade emulsificante, estabilizante, geleificante, espumante, entre outras características. (1,2)

CASEÍNAS

As caseínas são fosfoproteínas que quando se encontram em pH equivalente a 6.6 apresenta-se sob a forma de fosfocaseinato de cálcio. Caso o cálcio seja removido, submicelas são originadas, contendo subunidades de caseína, que conforme postulado por Farrell, seriam hidrofóbicamente estabilizadas e incorporadas pelas micelas, e por consequência seriam responsáveis pela integridade da micela de caseína. (1,2,3)
Caso o pH caia para 5,2 ela se torna menos solúvel, e com pH 4,6 perde a estabilidade e precipita, formando queijos, iogurtes, produtos lácteos, entre outros. A alteração do pH observada nesse processo é possibilitada pela formação de ácido ou pela introdução de renina à solução. (1,2)


LIPÍDIOS

Os lipídios se apresentam na forma de glóbulos de gordura, constituídas por componentes anfifílicos, que apresentam forte carga negativa e atuam na estabilidade das membranas. Estes glóbulos são constituídos por triacilgliceróis (98% dos componentes dos lipídios), fosfolipídios, esteróis livres e ácidos graxos. Os ácidos graxos são formados, em sua maioria, por ácidos graxos saturados (70%), monoinsaturados (27%), dienos e trienos (3%).(1,2)
Assim como as demais substâncias constituintes do leite, os lipídios podem sofrer variação de acordo com as individualidades do animal, sua dieta e estágio de lactação em que o leite foi obtido. (1,2)


CARBOIDRATOS

            O carboidrato mais abundante no leite bovino é a lactose, um dissacarídeo que é uma importante fonte de energia para os microrganismos presentes no leite, e que produzem substâncias ácidas durante essa utilização (fermentação e consequente formação de ácido lático) e que por sua vez atuam na coagulação da caseína. Ela pode ser classificada como β lactose e como α-lactose. Sendo a primeira mais solúvel que a segunda, apresenta ainda efeito estabilizante sobre a proteína do leite, caseína; enquanto que a segunda atua na desestabilização e precipitação da caseína. (1)





CONCLUSÃO

            Desta forma, o leite corresponde a um produto extremamente complexo, formado por inúmeras substâncias, muitas delas com infinitas informações a serem descobertas, mas que o conhecimento atual nos diz que fornecem diversos nutrientes ao consumidor, em quantidades que variam de acordo com a forma como o animal é tratado, assim como com o alimento que ele recebe e o ambiente em que se encontra.
            O leite é, sem dúvida, um importante constituinte da alimentação da população brasileira, em especial pela sua colaboração com o aporte do mineral Cálcio, pois está na forma em que tem sua melhor absorção, e seu teor em proteínas de alto valor biológico. Sendo principalmente o leite de vaca pela sua maior disponibilidade e acesso à população. Devido a sua relevância será abordado em diversas postagens deste blog no decorrer das próximas semanas.

REFERÊNCIAS

1.    Araújo, W.M.C; Montebello, N.P; Botelho, R.B.A; Borgo, L.A. Alquimia dos Alimentos. Brasília: Editora Senac. Distrito Federal. 2013.

2.    Jensen, R.G. Handbook of Milk Composition. Academic Press. (Food Science and Technology Internatinal Series) 1995.
3.    Verdi, R.J; Dellavalle, M.E; Barbano, D.M; Senyk, G.F. Relationship between milk somatic cell count, true protein, casein, nonprotein nitrogen, and tyrosine value. J. Dairy Sci., 67 (Suppl. 1) (1984), pp. 70–71.
4.    Senyk, G.F.; M.E; Barbano; Shipe, W.F. Proteolysis in milk associated with increasing somatic cell counts. J. Dairy Sci., 68 (1985), pp. 2189–2194


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