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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

“GENTE BONITA COME FRUTA FEIA”



Aproximadamente 50% da comida produzida em todo o mundo são descartadas. De acordo com a FAO países industrializados descartam mais de 1,3 milhões de toneladas de alimento ao ano, alimento esse que poderia ser direcionado a aproximadamente 925 milhões de pessoas. No Brasil o desperdício corresponde a 30% no que se diz respeito aos frutos e 35% às hortaliças. Estes dados foram obtidos a partir de um estudo realizado pela Embrapa no ano 2000, mas que segundo o pesquisador da mesma, Antônio Gomes Soares, pouca coisa mudou até o ano de 2015. Além disso, 26,3 milhões de toneladas de alimentos têm o lixo como destino (1, 2, 3,4).

Este descarte não gera apenas sequelas éticas, mas também impacta o meio ambiente, uma vez que corresponde ao uso desnecessário de recursos naturais durante o processo de produção, bem como a emissão de gases com a decomposição dos restos. E um dos maiores causadores deste descarte demasiadamente elevado é causado pela busca da hortaliça perfeita, bonita, sem nenhum defeito. (1)

            A partir deste cenário surgiu em Portugal a “Cooperativa Fruta Feia”, que busca inverter este cenário, auxiliando as pessoas a alterarem seu padrão de escolha, que atualmente não considera apenas a segurança e a qualidade do produto ofertado no momento da escolha, mas sim valorizando demasiadamente a perfeição aparente.

 Para tanto, criou-se um mercado alternativo para as hortaliças e frutas feias, que além de vir alterando os padrões de consumo, tem agregado valor aos produtores e aos consumidores, reduzindo o desperdício e o gasto desnecessário dos recursos supracitados. (Cujo slogan tornou-se tema desta publicação). (1)



(Figura 1 - Abacate - Uli Westphal Mutato-Project) (2)

            A cooperativa atua recolhendo em hortas e pomares produtos da época que apresentam tamanhos e características consideradas como “fora do padrão”. Produtos estes que devem ter sido produzidos por produtores locais que não realizem prática agressiva ao meio ambiente. Em seguida os colaboradores preparam cestas, que são entregues aos associados à cooperativa no dia e local determinado.

Em abril deste ano o MAPA demostrou o interesse em estimular o consumo de fruta feia e por consequência reduzir o desperdício com alimentos no país, para tanto há o intuito de reduzir o preço destes. Mas não podemos esperar que cooperativas como essas venham ao Brasil, se instalem e ganhem notoriedade para modificar esta realidade. É possível contribuir para a modificação desta situação em nível individual e coletivo.




(Figura 2 - Tomate - Uli Westphal - Mutato-Project) (2)

Em nível individual é possível optar por alimentos não tão perfeitos, mas que apresentam a mesma característica nutricional, bem como transmitir essa transformação a amigos, familiares, pacientes. Ao passo que no coletivo é possível atuar em seu local de trabalho, caso você participe da seleção dos alimentos a serem adquiridos, observando se dentro do planejamento de seu cardápio realmente há a necessidade da comprar um produto “perfeito”, ou se seria possível escolher um produto que certamente seria descartado devido à sua aparência, ainda que seguro e tão saboroso quanto o fruto/hortaliça perfeita (2).
        Veja mais fotografias de Uli Westphal aqui


Referências
1. Fruta Feia. Projecto. Disponível em: <http://www.frutafeia.pt/pt/projecto> Acesso em 12 out 2015

2. Rguez. LM. Estos son los motivos por los que deberías empezar a consumir alimentos 'feos'. Playground Artículos. Disponível em: <http://www.playgroundmag.net/articulos/reportajes/Elogio-alimentos-feos_0_1486051382.html> Acesso em 26 Out 2015

3. Ministério da Agricultura. Mapa quer reduzir desperdício e estimular consumo de fruta feia. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/noticias/2015/04/mapa-quer-reduzir-desperdicio-e-estimular-consumo-de-fruta-feia> Acesso em 26 Out 2015.

4. Banco de Alimentos. Desperdício de Alimentos Brasil e Mundo. Disponível em: <http://www.bancodealimentos.org.br/conheca-banco-de-alimentos/desperdicio-de-alimentos-brasil-e-mundo/> Acesso em 26 Out 2015



            

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