Falaremos hoje de dois assuntos, o
primeiro será uma introdução a alguns dos diversos cortes que podem ser feitos
para caracterizar uma receita, incrementar uma apresentação ou evitar
desperdícios do alimento.
Abaixo, temos exemplos de cortes que
podem ser realizados levando em conta alguns tipos de legumes e verduras:
- Juliana: tiras de 4 a 5 cm de comprimento por 2 a 3 mm de largura.
- Brunoise: cubos pequenos de 2 a 3 mm.
- Paisana ou camponesa: ¼ de medalhão de vegetais, fatiados de 2 a 3
mm de espessura.
- Noisette ou em forma de avelã: forma de bolinhas.
- Jardineira: cubos de 1 cm.
- Palito ou bastonetes: cortes longitudinal, cúbicos de 6mm,
aproximadamente.
- Chiffonade: corte de qualquer espessura para verduras.
Indicadores
culinários: Fator de Correção
O segundo
tema, embora possa se relacionar ao primeiro em muitos aspectos, engloba
indicadores culinários e o fator de correção. Os indicadores culinários são um controle do processo de produção que
visa diminuir falhas ou prontos deficitários, garantindo um produto de
qualidade, com a máxima produtividade e mínimos riscos e perdas.
Fator de Correção (FC) ou Índice de Parte Comestível (IPC) é
utilizado para acompanhar o desperdício de alimentos e definir a quantidade de
alimento a ser comprada, considerando esse desperdício ao longo da preparação.
O IPC pode variar de acordo com o tipo de aquisição, pré-preparo,
qualidade, grau de amadurecimento e condições de armazenamento, técnica
empregada no pré-preparo, tipo de utensílio e o recurso humano. Falhas causadas
por estimativas incorretas podem acarretar problemas operacionais em um unidade
de alimentação tais como aumento no custo, desperdícios com sobra de alimentos
já preparados e aquisição superfaturada.
O IPC é determinado pela relação entre o Peso Bruto (PB= alimento
conforme se adquire) e o Peso Líquido (PL= alimento depois de limpo) de cada
alimento.
FC ou IPC = Peso Bruto
Peso Líquido
Aparas
ou perdas = Peso bruto – Peso líquido
Abaixo temos um exemplo
de cálculo do FC:
Variações
do Fator de Correção
O
Fator de Correção (FC) pode variar de acordo com o tipo de aquisição, qualidade, grau de
amadurecimento e condições de armazenamento, utensílios utilizados e o modo do pré-preparo.
Se
um tomate está muito maduro e é utilizado numa salada, as perdas serão
grandes, mas se for para fazer um molho, as perdas serão menores. O tipo de
corte também influenciará no FC, por exemplo.
Exemplo de cálculo:
Necessidade de
1kg de brócolis limpo (PL)
IPC do brócolis =
2,5
2,5 = PB / 1
PB = 2,5 kg
Conclusão: Para se obter 1 kg de
brócolis limpo (PL) é necessário comprar 2,5 kg de brócolis (PB).
É importante
salientar que o IPC é diretamente proporcional ao tempo decorrido após a
colheita e a oferta, ou seja, quanto mais recente a colheita, mais íntegro o
alimento e, consequentemente, menor a perda por partes amassadas, machucadas ou
estragadas.
Esse valor também pode variar
dependendo do que se deseja obter do produto. No caso do brócolis, pode ser
utilizado só o buquê ou com o talo e as folhas juntos, e isso interferirá no
FC.
O tipo de utensílio utilizado
também pode interferir. Utilizar o descascador significa retirar apenas a fina
camada de casca da cenoura ou do chuchu, por exemplo. Com a faca, há um desperdício maior,
já que partes do legume são cortadas juntos com a casca, aumentando o Fator de
Correção. Então, é sempre válido considerar qual o instrumento correto para cada tipo de trabalho a ser feito.
Repare como as tiras da casca cortadas pela faca são mais grossas do que pelo descascador. |
Fontes:
Laboratório de Técnica Dietética
FSP/USP. 2013.
Philippi, ST.
Nutrição e Dietética. Manole, São Paulo. 2006