Aproximadamente 50% da
comida produzida em todo o mundo são descartadas. De acordo com a FAO países
industrializados descartam mais de 1,3 milhões de toneladas de alimento ao ano,
alimento esse que poderia ser direcionado a aproximadamente 925 milhões de
pessoas. No Brasil o
desperdício corresponde a 30% no que se diz respeito aos frutos e 35% às
hortaliças. Estes dados foram obtidos a partir de um estudo realizado pela
Embrapa no ano 2000, mas que segundo o pesquisador da mesma, Antônio Gomes
Soares, pouca coisa mudou até o ano de 2015. Além disso, 26,3 milhões de toneladas de
alimentos têm o lixo como destino (1, 2, 3,4).
Este descarte não gera
apenas sequelas éticas, mas também impacta o meio ambiente, uma vez que corresponde
ao uso desnecessário de recursos naturais durante o processo de produção, bem
como a emissão de gases com a decomposição dos restos. E um dos maiores
causadores deste descarte demasiadamente elevado é causado pela busca da
hortaliça perfeita, bonita, sem nenhum defeito. (1)
A
partir deste cenário surgiu em Portugal a “Cooperativa Fruta Feia”, que busca
inverter este cenário, auxiliando as pessoas a alterarem seu padrão de escolha,
que atualmente não considera apenas a segurança e a qualidade do produto
ofertado no momento da escolha, mas sim valorizando demasiadamente a perfeição
aparente.
Para tanto, criou-se um mercado alternativo
para as hortaliças e frutas feias, que além de vir alterando os padrões de
consumo, tem agregado valor aos produtores e aos consumidores, reduzindo o
desperdício e o gasto desnecessário dos recursos supracitados. (Cujo slogan
tornou-se tema desta publicação). (1)
(Figura 1 -
Abacate - Uli Westphal Mutato-Project) (2)
A
cooperativa atua recolhendo em hortas e pomares produtos da época que
apresentam tamanhos e características consideradas como “fora do padrão”.
Produtos estes que devem ter sido produzidos por produtores locais que não
realizem prática agressiva ao meio ambiente. Em seguida os colaboradores
preparam cestas, que são entregues aos associados à cooperativa no dia e local
determinado.
Em abril deste ano o MAPA demostrou o interesse em
estimular o consumo de fruta feia e por consequência reduzir o desperdício com
alimentos no país, para tanto há o intuito de reduzir o preço destes. Mas não podemos esperar que
cooperativas como essas venham ao Brasil, se instalem e ganhem notoriedade para
modificar esta realidade. É possível contribuir para a modificação desta
situação em nível individual e coletivo.
(Figura 2 -
Tomate - Uli Westphal - Mutato-Project) (2)
Em
nível individual é possível optar por alimentos não tão perfeitos, mas que
apresentam a mesma característica nutricional, bem como transmitir essa
transformação a amigos, familiares, pacientes. Ao passo que no coletivo é
possível atuar em seu local de trabalho, caso você participe da seleção dos
alimentos a serem adquiridos, observando se dentro do planejamento de seu
cardápio realmente há a necessidade da comprar um produto “perfeito”, ou se
seria possível escolher um produto que certamente seria descartado devido à sua
aparência, ainda que seguro e tão saboroso quanto o fruto/hortaliça perfeita (2).
Veja mais fotografias de Uli Westphal aqui
Referências
2. Rguez. LM.
Estos son los motivos por los que deberías empezar a consumir alimentos 'feos'.
Playground Artículos. Disponível em: <http://www.playgroundmag.net/articulos/reportajes/Elogio-alimentos-feos_0_1486051382.html> Acesso em 26 Out 2015
3. Ministério da Agricultura. Mapa quer reduzir desperdício e estimular consumo de
fruta feia. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/noticias/2015/04/mapa-quer-reduzir-desperdicio-e-estimular-consumo-de-fruta-feia> Acesso em 26 Out 2015.
4. Banco de Alimentos. Desperdício de Alimentos Brasil
e Mundo. Disponível em: <http://www.bancodealimentos.org.br/conheca-banco-de-alimentos/desperdicio-de-alimentos-brasil-e-mundo/> Acesso em 26 Out 2015
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